Desaprender
tudo aquilo que nos foi incutido como verdade e que mais cedo ao mais tarde nos
faz confundir as máscaras usadas com o nosso próprio rosto, os nossos egoícos desejos
com a nossa vontade pura, o caminho que nos leva de volta a casa, com os confusos
atalhos onde nos enfiamos em busca de um mágico exterior, capaz de nos
pacificar interiormente.
É
preciso desaprender.
Para tal,
não existem manuais capazes, nem doutoramentos à altura.
Módulo
obrigatório da licenciatura a que a Vida nos sujeita, quando nos convida para a
descoberta de quem somos, traz consigo a possibilidade de nos ajudar a separar o
útil do supérfluo, o que nos pertence e ressoa em nós, do que herdámos mas que
no fundo, nada tem a ver connosco.
Mas,
afinal, o que é realmente nosso? Qual o som e a cor da nossa essência? Qual o
nosso propósito aqui na Terra?
A
verdade é que questões como estas só poderão ser respondidas através da nossa
Alma. Aceder-lhe começa por, ousar desaprender que o nosso pensamento é
o nosso grande aliado. Usá-lo como nos ensinaram, torna-nos confusos no sentir
e perdidos no agir. O peso enorme que atribuímos às questões racionais na nossa
Vida, esfuma-se sempre que observamos o caminho que já percorremos e os processos
de mudança e transformação a que nos sujeitámos ao percorrê-lo.
Facilmente
percebemos que em alturas de perda de controlo, o que o que nos fez mudar de
direcção, o que nos moveu verdadeiramente, não foi a razão, mas sim aquele
vazio que as palavras não conseguem descrever, aquele desconforto, aquela
certeza que o que pensávamos ter aprendido já não chegava para responder ao
profundo, forte e urgente apelo interior de mudança.
Talvez
o ponto alto da nossa ‘desaprendizagem’, seja quando a nossa Alma fala mais
alto e é finalmente escutada.
Uma
doce lucidez envolve-nos e revela com simplicidade ao nosso ego a grande e
abissal diferença entre aquilo que nos ensinaram e aquilo que realmente
aprendemos e integrámos.
Esse
é o momento em que ficamos a saber que há coisas que depois de aprendidas,
jamais se desmancharão.
São
parte da nossa essência, da Verdade da nossa Alma.
Outras
no entanto, são como pó.
Sujas,
intoxicadas, prontas a sabotar o melhor que em nós existe.
Desaprendê-las
é o princípio da genuína aprendizagem.
Aquela
que vem para ficar, conduzindo-nos ao mágico e consciente caminho sem retorno,que todos na Vida gostaríamos um dia de encontrar.
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