Há
três coisas que fazem parte do meu ‘arsenal-diário’.
Um
livro, um bloco e…uma caneta.
As
duas primeiras normalmente não falham, já a última parece driblar-me, jogando
sem dó nem piedade às escondidas comigo, o que voltou a acontecer ontem mais uma
vez.
Trocando-me
as voltas, preferiu ficar sossegadinha em casa, quando o seu propósito seria acompanhar-me
na minha caminhada de fim de tarde, onde porque uma inspiração é sempre bem-vinda,
dela preciso para…escrever.
Ao
perceber mais uma vez que não a tinha comigo, decidi recorrer ao telemóvel, que
também preferiu descansar, surpreendendo-me com a sua falta de bateria.
Isto
deve ser o que sente o alcoólico quando acaba o vinho – pensei, dirigindo-me
para o restaurante, com o pensamento a fervilhar.
Escusado
será dizer, que antes até de me ser dada a ementa, já estava eu a pedir uma caneta,
arrancando um sorriso ao funcionário que parece ter sentido a minha ansiedade e
me disse timidamente que só tinha uma e…precisava dela.
Expliquei
como pude J (sim, porque isto de explicar que a súbita vontade de
escrever se equipara na totalidade, aquela vontade inadiável de fazer chichi J ), dizia eu, que depois de explicar
o que pude e como pude, lhe disse que era só um bocadinho e que lhe devolveria
a dita, assim que ele precisasse, o que apesar de visivelmente intrigado , acabou
por ceder.
Assim
sendo, entre uma e outra garfada, as palavras iam-se ajeitando bloco-verde-a-dentro,
sem nunca a mesma lhe ter feito falta.
Quando
finalmente terminei, ao trazer-me a conta disse:
- Já
não precisa mais, pois não?
- Por
acaso preciso, respondi com um sorriso.
Ao
escutar esta conversa a colega que passava, parou e olhando-me nos olhos com
convicção disse:
- Tem
aqui a minha caneta. É muito especial para mim, mas pode levá-la e quando não
precisar vem entregar-ma, pode ser?
Ora eu
que faço parte dos que acreditam que tudo o que precisamos nos é dado, seja lá
de que forma for, acolhi com carinho esta caneta e pude continuar a escrever, mais
inspirada ainda pela inspiração, que é a confiança entre duas pessoas que
supostamente “não-se-conhecem”, mas que partilham de uma sensibilidade comum,
capaz de mostrar a grandeza destes pequenos gestos.
Grata
Tânia, da Pizzaria Capricciosa em Carcavelos! :-)
Quero
dizer-lhe que a sua caneta se fartou de dar vida a letras e mais letras no meu
bloquinho verde e que tal como combinado, regressará a si na próxima quinta-feira,
desta vez acompanhada por um livro que eu mesma escrevi e que apesar de ter
sido escrito por outra caneta J foi certamente
“colado” com a simplicidade duma cola comum, a que gosto de chamar… Amor :-)
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