Pobreza é ser criador e nada criar.
É nascer livre e viver aprisionado.
Pobreza é olhar para os lados, sem nunca olhar em frente.
Ter braços e não abraçar.
Mãos e não tocar.
Vida e não viver.
Pobreza é ser incapaz de elogiar, de partilhar, de se envolver.
Pobreza é poupar euros, mas gastar chances.
É isolar-se do mundo por não perceber que o mundo somos nós.
Pobreza é não saber perdoar.
É guardar ressentimentos como troféus e envenenar-se deles sempre que lhe dá jeito.
É estar numa cela, com a chave na mão e ter medo de abrir a porta.
Pobreza é saber, mas não sentir.
Sentir mas não expressar.
Pobreza é deixar de amar, por não se sentir amado.
É ter fome de unidade e permanecer fragmentado.
Pobreza é nada mudar e de tudo se queixar.
É mentir à verdade, mesmo sabendo que ela não vai acreditar.
Pobreza é enrolar-se no supérfluo, ignorando o essencial.
É estar morto para a vida e vivo para o que já morreu.
Pobreza é ter passado, imaginar futuro e nunca sentir a magia do presente.
É resistir à transformação e ainda assim querer transformar os outros.
Pobreza é estar automatizado, resignado, oprimido.
É ter medo de errar, mesmo sabendo que erros são aprendizagens.
Pobreza é nunca tirar os sapatos com medo de sujar os pés.
É palmilhar quilómetros para TER e resistir a dar um único passo para Ser.
É falar mas não agir.
É querer mas não ter vontade.
É verdade que dos pobres não reza a história.
Talvez por isso, mais do que nunca, é urgente ENRIQUECER.