Ao caminhar pela manhã, dei comigo a refletir sobre estes últimos anos da minha vida.
Observei com compaixão como os processos de travessia são tantas vezes assustadores, escuros e nos impedem de reconhecer a sua vital importância para o nosso crescimento e transformação.
Nestas fases, regra geral, pulsa em nós, uma desconfiança própria de quem no fundo sabe (e até confia), que a travessia precisa de paragens, mas de caminhada também.
Neste movimento, que nada mais é, que a transição natural a que a vida nos convida, podemos sentir na epiderme o assustador mistério do desconhecido, mas também a curiosidade de fechar um ciclo para que outro se possa abrir.
Aceitar fazê-lo, rendendo-nos à sua inevitabilidade talvez seja mesmo o primeiro passo.
A própria rendição é um processo, pois nem sempre as nossas transições, são “simples” de gerir.
Muitas vezes carregam com elas a sensação de que não seremos capazes de enfrentar aquele desconhecido que nos convida sempre para um lugar de “sei como era”, “não sei como será”.
Fica então uma boa noticia.
A vida é sábia. Nem sempre nos dá aquilo que queremos, porém providencia com algum mistério tudo aquilo que precisamos. Mesmo quando sentimos que nos está a pedir demasiado, mesmo quando sentimos desorientação, falta de energia e escuridão, confiemos que é deste movimento de perdas e ganhos, sístoles e diástoles, contração e expansão que no tempo certo brotarão flores, resultantes das sementes que corajosamente nesta travessia ousámos semear!!