Depressa ou devagar, a verdade é que três anos passaram desta celebração do meu aniversário.
Porém, como a vida tem esta espécie de intemporalidade, confesso que mais do que perceber a velocidade deste tempo, pude sentir epidermicamente o convite que me fez para fechar um ciclo e com ele aceitar uma profunda transformação.
Nesta altura, tinha cortado o cabelo como símbolo daquilo que precisava de cortar na minha vida, mas que não estava a conseguir.
A este corte, seguiu-se um mergulho nas águas frias de Março.
De mão dada com uma querida irmã de caminho, banhei-me da certeza de que algo em mim, estava finalmente pronto para uma mudança de pele.
E, assim foi.
Entre avanços e recuos, entre deambulações do meu ego e vozes serenas da minha alma, entre gargalhadas e choros, a velha pele foi caindo, ao mesmo tempo que… o cabelo foi crescendo.
O caminho foi sendo por mim trilhado com a possibilidade de aprender a ser a minha melhor companhia.
Seria útil neste texto dizer que consegui, mas a verdade é que a cada segundo, estou a aprender.
Todos os dias a minha nova pele se mostra um pouco mais.
Com ela a lembrança de que é preciso processo, paciência, confiança e uma boa dose de auto compaixão. Com ela, também a lembrança de que, as travessias mais ousadas são sempre portais iniciáticos sem caminho de retorno e que as feridas que um dia estavam em carne viva, foram sarando, e agora enquanto cicatrizes não têm de continuar a doer.
Que chegue, pois, a Primavera! Afinal, tudo tem o tempo certo, até as estações do ano!